sexta-feira, 16 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Já não se fazem anjos como antes...

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/f/f3/Legion_poster.jpg

Título: Legion
De: Scott Stewart
Com: Paul Bettany, Dennis Quaid, Tyrese Gibson, Adrienne Palicki

Se The Prophecy e The Terminator tivessem um filho, este seria Legion, a estreia no mainstream como realizador de Scott Stewart. Mas um filho, diga-se, um tanto quanto deficiente. O filme é absurdo, tem muito, mas mesmo muito pouco cérebro mas consegue redimir-se em alguns aspectos, essencialmente nas performances consistentes do elenco. As alusões às duas consagradas séries de filmes são óbvias. Um anjo, Michael, interpretado pelo inglês Paul Bettany, vem à terra para proteger o mundo duma guerra angélica. Por outro lado, uma simples empregada de restaurante(Adrienne Palicki) está grávida da última esperança da humanidade. Mas nem Paul Bettany é Christopher Walken nem a jovem Palicki é Linda Hamilton e o ridículo plot, que por vezes toma-se por demasiado sério, consegue deteriorar ainda mais o muito pouco redimível filme. Uma ressalva para Dennis Quaid, que consegue aqui uma performance divertida e bem conseguida, tendo ainda tempo para distribuir umas quantas one liners memoráveis.
Legion não é um mau filme, não se pode dizer isso, mas que está longe de ser uma obra à altura do seu cast, isso digo, e com toda a certeza.

Overall:2.5/5

Alberto S.

sábado, 3 de abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

O B está de Volta

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b4/Daybreakers_ver2.jpg

Título: Daybreakers
De: Michael Spierig & Peter Spierig
Com: Ethan Hawke, Willem Dafoe, Sam Neill, Claudia Karvan, Isabel Lucas

Os irmãos Spierig, criadores do filme de culto de 2003 Undead, trouxeram-nos este ano Daybreakers, um filme notoriamente de série B e que não se importa de o ser e muito menos de o parecer. Os gémeos entraram nisto pelo prazer e, digo eu, fizeram muito bem, o filme tem garra e capacidade para destronar todos os outros filmes vampíricos que tem estreado ultimamente nas salas de cinema. Daybreakers conta a história de um mundo, num futuro próximo, onde um vírus transformou a maioria da população em vampiros e existe uma escassez de sangue humano capaz de satisfazer as necessidades de toda a gente. Nada que um miúdo de quarta classe não conseguisse inventar e é esse o atractivo do filme. As performances são aceitáveis, principalmente a de Willem Dafoe que, contra o seu type protagoniza um everyday joe que trás alguma esperança para a humanidade. Sam Neill é o vilão e fá-lo de forma eficaz, também ele contra o seu tipo de personagem habitual. Destaque para o visual do filme que roça o exageradíssimo, com os filtros azuis noctívagos e um contrastivo laranja de dia a perturbar o espectador, mais que uma vez.
Em suma, Daybreakers é entretenimento popcorn e não almeja ser mais nada do que isso. Resta-nos desfrutar desta lufada de ar fresco num género já (outra vez?) saturado, como é o das histórias de vampiros.

Overall:3/5

Alberto S.

Soderbergh em Forma

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/3/3c/TheInformant2009MP.jpg

Título: The Informant!
De: Steven Soderbergh
Com: Matt Damon, Scott Bakula, Joel Mchale, Melanie Lynskey, Richard Steven Horvitz

Toda a gente se deslumbrou com Matt Damon em Invictus, mas, pelos vistos, toda a gente se esqueceu de Matt Damon em The Informant, aqui, numa exibição como nunca vista! Damon, no papel de Mark Whitacre é louco, burro, genial, confuso e acima de tudo primoroso. É um prazer ver o actor a trabalhar e não sei se não terá aqui uma performance mais segura e conseguida que em Invictus.
The Informant é uma comédia como há poucas e, por acaso, 2009 foi profícuo neste género juntando-se a este o A Serious Man dos irmão Cohen. Uma daquelas comédias negras, com bandas sonoras absolutamente hilariantes e cativantes e performances inesquecíveis. O filme é tudo isto. A culpa é, obviamente, de mestre Soderbergh que depois das aventuras de Danny Ocean e amigos decidiu adaptar a obra de Kurt Eichenwald do mesmo nome aos cinemas. Fá-lo de forma simples e eficaz, com um estilo reminiscente dos anos 70, banda sonora a acompanhar e um trabalho de fotografia muitíssimo bem conseguido, assentando todos juntos perfeitamente no contexto. Para além disto, o filme conta ainda com um dos argumentos mais divertidos dos últimos tempos assinado pelo experiente Scott Burns.
Enquanto filme, The Informant é um bom exemplo de entretenimento e concerteza, digno dos maiores elogios.

Overall:4/5
Alberto S.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Alice no País do Green Screen

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/f/ff/Alice-In-Wonderland-Theatrical-Poster.jpg

Título: Alice In Wonderland
De: Tim Burton
Com: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Crispin Glover, Stephen Fry, Michael Sheen

Alice In Wonderland, o novo rebento da imaginativa mente de Tim Burton, é, acima de tudo, um deleite visual. Esta nova febre pelo 3D tem subido à cabeça de muita, mas mesmo muita gente e quem ganha é Burton, depois de nos trazer uma amálgama das duas obras mais conhecidas de Lewis Carroll, (ou Charles Dodgson para os puritanos) Alice's Adventures in Wonderland e Through The Looking Glass, and What Alice Found There. Em termos da imagética Burton é um mestre como não há muitos! Mas Alice é uma película tão impregnada de clichés infantis (não fosse este filme da marca Disney) e performances que roçam o over-the-top que é impossível não esboçar um leve bocejo. Mia Wasikowska, a relativamente desconhecida heroína, trás alguma frescura mas vai-se perdendo pelo caminho, lá pela metade do filme, em direcção à obscuridade. Johnny Depp procura mais do que lhe é pedido e acaba por ser a grande decepção do filme. Anne Hathaway, acabadinha de vir de uma nomeação para Melhor Actriz nos óscares de 2009, depois de uma belíssima exibição em Rachel Getting Married, é não mais que um nome para encher cartazes e traz-nos uma absurda e aborrecida White Queen. É em Crispin Glover e Helena Bonham Carter que o filme ganha algum fôlego. Bonham Carter é, de facto, aquela que carrega o filme às costas, de forma carismática e pujante no papel da Red Queen. Glover, por seu turno, trás-nos um Knave of Hearts mau como as cobras. Se há actor que seja especialista a trazer ao grande ecrã vilões icónicos, esse actor é Crispin Glover. Mais uma exibição brilhante de um actor um pouco esquecido pelas grandes produções. Destaque ainda para Matt Lucas, o co-criador de Little Britain, que nos trouxe o par de gémeos Tweedledee e Tweedledum duma forma espectacularmente cómica. Para mim, duas das personagens mais bem conseguidas do filme.
O argumento de Linda Woolverton, a mesma que nos trouxe o magnífico The Beauty and The Beast, é absolutamente intragável. Clichés, desenlaces apressados, pouca exploração de grande parte do role de personagens, demasiada exposição de outras,(inclua-se o Mad Hatter de Depp) enfim, uma trapalhada que deixa mácula visível no filme.
No geral, Alice in Wonderland, não deixa de ser um filme agradável mas uma obra menor de um realizador que já nos trouxe outras pérolas com menos recursos.

Overall:3/5

Alberto S.

sexta-feira, 26 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ser Italiano... à Inglesa

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/52/NineA_ver4.jpg

Título: Nine
De: Rob Marshall
Com: Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Judi Dench, Fergie, Kate Hudson, Nicole Kidman, Sophia Loren

Arranjei finalmente disposição e coragem para ver Nine, a mais recente obra de Rob Marshall(Chicago, Memoirs of a Geisha) adaptada de um musical do mesmo nome de Arthur Kopit. Devo dizer que não me decepcionou. Costumo arredar-me um pouco de musicais mas, de facto, este conseguiu prender-me. Seja pela belíssima cinematografia ou, simplesmente, pelas majestosas performances de Day-Lewis e Cotillard, Nine é dos melhores exemplos de musicais dos últimos anos. Sequências musicais arrojadas e magistralmente coreografadas, narrativa forte e intensamente emotiva e um visual ambicioso são os pontos mais fortes desta obra de Marshall.
Day-Lewis, aqui no papel de Guido Contini, um famoso realizador italiano imerso numa profunda crise artística, dá à personagem a classe e a genialidade habituais. Vê-lo a representar é presenciar um exemplo raro, senão único, na história do cinema e mais particularmente da representação. Este homem nunca falhou. Não existe qualquer ''má'' exibição de Day-Lewis. Um exemplo de ''actor imaculado'', se tal expressão existe. Ao seu lado, no papel de sua mulher, Luisa Contini, temos a belíssima Marion Cotillard, a ''menina'' que há 2 anos recebeu o óscar de Melhor Actriz por La Vie en Rose. Mais uma vez, Cotillard surpreende e, além de Guido, Luísa é a personagem mais relevante de todo o filme. As duas sequências musicais que lhe foram atribuídas, ela representa-as sem qualquer falha, com uma força e emoção incomuns. Destaque ainda para o desempenho de Kate Hudson que roçou o ''Bravo'' à italiana. De facto, se a escolha inicial parecia descabida, Hudson provou que consegue dançar, cantar, ser atraente e provocadora, tudo ao mesmo tempo. Penélope Cruz, mais uma vez, encantou no papel de Carla. Mais uma exibição de talento e sexyness latina, desta jovem actriz espanhola que teve a merecida nomeação para os óscares deste ano. Quem também surpreendeu foi Fergie que, no papel da prostituta Seraghina, demonstrou os seus dotes sensuais e artísticos através da sequência musical ''Be Italian'', na minha opinião, a melhor e mais bem executada de todo o filme.
Por fim, a direcção de Rob Marshall, apesar do belo trabalho de fotografia e imagem, peca um pouco. Cada interlúdio musical vai reavivando o interesse do espectador, mas o filme vai ficando cada vez mais confuso e apressado à medida que caminha para a 2ª metade. Algumas personagens ficam pouco exploradas, caso dos papéis de Nicole Kidman e Sophia Loren(ambas com participações execráveis) e é Day-Lewis que vai juntando os bocados com a sua magia. Marshall parece, ainda, um pouco verde para este tipo de narrativas e, por vezes, nota-se isso no ecrã.
Apesar de arrasado pela crítica, Nine é um filme interessante e digno de uma vista de olhos, quanto mais não seja para ver a arte de bem representar.

Overall:3/5

Alberto S.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Friday's Trailer Dish #4

Nada menos que Brilhante

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/7/76/Shutterislandposter.jpg

Título: Shutter Island
De: Martin Scorcese
Com: Leonardo DiCaprio, Ben Kingsley, Mark Ruffalo, Michelle Williams

Martin Scorcese é o realizador mais completo da actualidade! Digo isto sem um pingo de dúvida.
Shutter Island, o seu mais recente filme, comprova isso mesmo. O mestre consegue brilhar em qualquer estilo. Seja ele documental (The Last Waltz), seja ele musical (New York, New York) drama (Goodfellas) ou comédia (After Hours), qualquer coisa consegue ser obra-prima nas mãos deste grande senhor. Aposto que se Scorcese fizesse um documentário sobre a vida de Quim Barreiros, esse mesmo documentário seria genial!
Voltando a Shutter Island. Enquanto filme, tem tudo! Tudo o que se possa querer num filme de Scorcese. Cortes rápidos, montagens delirantes, detalhe visual ímpar, ritmo moderado, preparando o espectador para o boom final. A direcção de Scorcese é absolutamente virtuosa, conseguindo retirar de, praticamente todos os actores envolvidos, as suas melhores performances dos últimos 10 anos. Quanto a DiCaprio, esqueça-se The Aviator, ou relegue-se para um 2º lugar duma lista de desempenhos imaginária. Sem dúvida alguma a sua melhor tirada de sempre. A sua duradoura parceria com Scorcese só lhe tem feito bem, ele é hoje o que De Niro foi nos anos 80 e 90. Quanto a Ben Kingsley, de facto, não se via ele brilhar tanto desde Gandhi. Um regresso à boa forma dum grande actor. Mark Ruffalo, que até hoje tem conseguido balançar os seus desempenhos entre o bom e o péssimo(Zodiac e Rumor Has It respectivamente) tem aqui a sua performance mais conseguida, madura e consistente. Quanto a Michelle Williams... a grande surpresa deste filme. Os anos de Dawson's Creek já lá vão e Williams consegue ser magistral no papel mais secundário mas preponderante deste filme.
Enfim, mais uma grande obra dum grande mestre do cinema. Para desfrutar em múltiplos visionamentos.

Overall:4.5/5

Alberto S.


sábado, 13 de março de 2010

A Vida e um Skate

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/4/49/Ken_Park.jpg

Título: Ken Park
De: Larry Clark, Ed Lachman(Escrito por Harmony Korine)
Com: Adam Chubbuck, James Bullard, James Ransone, Tiffany Limos

Criado pela mente do polémico Harmony Korine (Kids, Gummo) e realizado pelo sempre provocador Larry Clark, Ken Park é um deleite para os amantes do cinema independente. ''Controverso'' é um epíteto um pouco suave para descrever este filme. Só podia vir do mesmo homem que, em 1997, nos trouxe das obras mais chocantes, niilistas e profundamente surreais da história do cinema. Falo, claro, de Gummo. De facto, Ken Park tem todos os tópicos que levam a uma rating proibitiva: Sexo explícito, suicídio adolescente, incesto, experimentação sexual, demência, violência gratuita, assassínio, diálogo explícito... enfim, tudo o que, à partida, condena um filme e não o permite chegar ao público. Mas, além de tudo isto, existe uma mensagem que luta para se fazer ouvir perante nós. Há ali, realmente, a raiva, o desencanto reprimido e a enorme presença da disfunção familiar que consome a juventude. O pai que se diz ''envergonhado'' do filho(Wade Williams, antes de ter integrado o cast de Prison Break para interpretar o inesquecível Brad Bellick) representa a disfunção encarnada. A mãe que, saudosa dos seus anos de liceu, tem relações sexuais com um adolescente, a filha libertina de um pai ultra-religioso... Há, em todas as relações familiares retratadas neste filme, uma dicotomia entre a repressão parental e a emancipação juvenil. E o filme aponta mesmo como vítimas os jovens. E realmente o são.
Apesar de extremamente gráfico(característica omnipresente nos filmes de Clark) Ken Park é um belíssimo ensaio sobre a vida e até mesmo sobre a morte, dos adolescentes de hoje.

Overall:4/5

Alberto S.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Quem se importa com os Morgans?

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/86/Did_you_hear_about_the_morgans_ver2.jpg

Título: Did You Hear About The Morgans?
De: Marc Lawrence
Com: Sarah Jessica Parker, Hugh Grant, Sam Elliot, Mary Steenburgen

Did You Hear About The Morgans? é um desperdício em várias frentes. Primeiramente um desperdício, extremamente caro, de dinheiro. Em segundo, de talento, uma vez que praticamente todo o cast é já experiente e de créditos firmados e, por fim, do precioso tempo de qualquer um de nós, ávidos espectadores de bom cinema. Nada neste filme é bom. Um argumento medonho, performances execráveis (salve-se Sam Elliot), direcção absolutamente caótica e visivelmente apressada. E que dizer da química do suposto par romântico desta moribunda obra? Simplesmente inexistente. Tudo mau!
Enfim, daquelas filmes que, supostamente, nos deviam fazer rir mas a vontade é de chorar. Copiosamente!

Overall:0.5/5

Alberto S.

Friday's Trailer Dish #3

terça-feira, 9 de março de 2010

Um Clássico

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/10/Battle_royale_pochette.jpg

Título: Battle Royale
De: Kinji Fukasaku
Com: Tatsuya Fujiwara, Aki Maeda, Taro Yamamoto, Takeshi Kitano

Andava eu há anos para ver este grande filme. Finalmente o vi e realmente não percebo porque não o vi mais cedo. Battle Royale é dos melhores filmes que alguma vez saíu do Japão, sem dúvida alguma! A última e mais memorável obra do já falecido Kinji Fukasaku, baseia-se num romance do mesmo nome e é das coisas mais violentas, perturbadoras, sanguinárias e absolutamente brutais que alguma vez vi na minha vida. A história passa-se numa linha temporal alternativa em que, depois da 2ª Guerra Mundial, mais precisamente em 1947, o governo Japonês cria uma lei chamada BR Act para fazer frente à crescente rebeldia da juventude provocada por uma intensa recessão económica. Esta lei sorteia, aleatóriamente, uma turma de estudantes finalistas do liceu e envia-os para uma ilha com o objectivo de se matarem uns aos outros, das mais variadas formas, para no fim só restar um. Uma espécie de triagem Darwiniana levada ao extremo.
O filme em si, apesar do macabro e da violência, é belo e brilhantemente interpretado. Todas aquelas personagens tentam procurar perceber porque estão ali, tentam procurar alguma forma de salvação. Até mesmo quem os manda para a ''Ilha da Morte''. Takeshi Kitano, o mestre do cinema niilista japonês, tem aqui uma das suas mais memoráveis performances no papel do professor Kitano. De facto este professor é mesmo a personagem mais bem concebida e explorada no filme. Ver Kitano, que no Japão é mais conhecido como um cómico, é ver um homem que já criou algumas das obras mais interessantes das duas últimas décadas no Japão, incluindo o papel pelo qual é mais conhecido, o samurai cego Zatoichi. Um homem que transforma em obra de arte tudo o que toca e Battle Royale não é excepção. Sem Kitano, este filme seria como um The Godfather sem Marlon Brando: Incompleto, genial, mas sumamente incompleto.
Das performances à história, Battle Royale é um filme magnífico e indispensável para qualquer fã do cinema japonês.

Overall:5/5

Alberto S.

sexta-feira, 5 de março de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Tudo bem

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/2/2e/Everybodys_fine.jpg

Título: Everybody's Fine
De: Kirk Jones
Com: Robert De Niro, Drew Barrymore, Kate Beckinsdale, Sam Rockwell

Simplesmente a melhor interpretação de De Niro dos últimos dez anos! Mas um diferente daquele que nos habituámos a ver. De Niro, no papel de Frank Goode, um recém-viúvo que decide viajar pela América para rever os filhos , mostra-nos um lado melancólico, sem os habituais tics e inclinares de cabeça que o iconizaram, bastante mais terra-a-terra, bastante mais humano. Daquelas situações em que o method acting funciona duma forma magistral no ecrã. Quem quiser ser actor siga este conselho: Veja Robert De Niro a trabalhar!
O restante cast portou-se à altura do que lhes era exigido, nada de extraordinário nem nada de mau, performances satisfatórias das quais ressalve-se a de Sam Rockwell.
O
filme faz jus ao seu título, é simplesmente ''fine'', nem acredito que fosse o propósito máximo de Jones ou de qualquer outro dos intervenientes que fosse algo além disso. Fica na memória pelo brutal desempenho de De Niro.

Overall:3/5

Alberto S.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobre Injustiças e Fundamentos

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/7/74/Education_ver3.jpg

Título: An Education
De: Lone Scherfig
Com: Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Emma Thompson

An Education, de Lone Scherfig, é o mais overrated dos candidatos aos óscares deste ano e o que, na minha opinião, tem menos hipóteses de sair do Kodak Theatre com um Óscar debaixo do braço. A jovem Carey Mulligan foi, de facto, uma agradável surpresa. Há em Mulligan um tanto de Audrey Tautou em Le Fabuleuse destin d'Amelie, simpática, inocente, inteligente, cativante. Peter Sarsgaard, no papel do homem mais velho por quem a personagem de Mulligan se apaixona, por seu lado, é uma completa desilusão. Uma performance mais dura que um cepo de madeira, aparece e desaparece mas nunca realmente chegamos a sentir a sua falta. O ponto alto está em Alfred Molina, no papel do pai conservador, apologista da moral e bons costumes da rígida Inglaterra dos anos 60. Um desempenho brilhante dum actor que merecia muito mais neste filme. É um prazer ver este homem a trabalhar e teve a sua nomeação nos BAFTAS mas mais uma vez foi esquecido pela Academia Americana. Enfim, daquelas injustiças que, todos os anos, aqueles senhores insistem em fazer(Alguém se lembra de Philip Seymour Hoffman em Before The Devil Knows You're Dead? Exacto!). O filme em si vem e vai e quase não damos por isso. Um filme demasiado curto, demasiado straightforward, cenas apressadas que não dão ao espectador tempo de se habituar àquelas personagens ou às situações em que elas se vem envolvidas.
Não sendo um filme inesquecível é mais um daqueles essenciais para um aprofundamento da nossa cultura fílmica, além de estar bastante bem escrito.

Overall: 3.5/5
Alberto S.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Friday's Trailer Dish #1

Soberbo


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/67/Oldboykoreanposter.jpg

Titulo: OldBoy
De: Park Chan-wook
Com: Choi Min-sik, Yu Ji-tae, Kang Hye-jeong

Oldboy, filme do célebre Park Chan-wook, de 2003, é dos filmes mais aterradores, perturbadores, polémicos, violentos e geniais que alguma vez vi. Todo o filme é uma experiência intensa, às vezes avassaladora. A demência, a incerteza e todo o mistério que assombra estas personagens é retratado de forma simplesmente brutal, tão real, ou tão imaginário como o interior de todos nós. A violência é-nos apresentada com sentido e até conseguimos compreender o intuito das personagens. O twist final é simplesmente um dos melhores exemplos de twists narrativos alguma vez feito em cinema. E o final em si, tão ambíguo como a própria vida, deixou-me maravilhado. Em suma, uma obra-prima, daquelas indispensáveis para qualquer amante de bom cinema.

Overall: 5/5

Alberto S.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

There's Still Sun... On Made for Tv Fare!

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Vi as quatro temporadas de It's Always Sunny in Philadelphia duma assentada e devo dizer que esta sitcom é das melhores criações televisivas do ainda curto século XXI. Esta criação de Rob McElhenney, Glenn Howerton e Charlie Day, apresenta-nos as vivências de um grupo de amigos que é dono de um Pub Irlandês que não tem muito sucesso, na cidade americana de Philadelphia. Este grupo de amigos representa tudo o que a cultura americana tem de mau: pessoas porcas, sem escrúpulos, burras como as portas, duma ignorância que no final tem o prazer de nos divertir a valer. Para além disto tudo, ainda conta com a participação do célebre Danny DeVito, no papel de Frank Reynolds, um pai mesquinho e extremamente incompetente, sem qualquer noção de moral. Toda esta mistura resulta na mais lo-fi mas também mais divertida série da televisão actual. Em quatro temporadas conseguiu não perder a frescura, do princípio ao fim.
Uma sitcom daquelas simplesmente essenciais!


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

The Girlfriend Experience

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/8a/Girlfriend_experience.jpg

Titulo: The Girlfriend Experience
De: Steven Soderbergh
Com: Sasha Grey, Chris Santos, Glenn Kenny, Peter Zizzo

Em primeiro lugar um aplauso, em pé, para o grande mestre Steven Soderbergh. The Girlfriend Experience é praticamente tudo o que um indie pode almejar ser: Inovador, provocador, sem receios, sem tabus, brilhantemente escrito e realizado. Não, não é uma obra prima, não, não merece Óscares nem Globos De Ouro. Não! Nem este filme o quer! Soderbergh limita-se a demonstrar a vida tal qual ela é, sem qualquer pudor. É de notar o vazio quase absoluto de sentimentos. Cada cena é tratada com uma frieza avassaladora. Às tantas vemo-nos imersos no mundo destas personagens e não sentimos qualquer empatia com elas. Choram, discutem, gritam, mas a mestria de Soderbergh faz com que observemos tudo dum plano distante, como que a assistirmos a um reality show. Sasha Grey, famosa actriz pornográfica, tem aqui uma estreia no mainstream, maravilhosa. A ''sua'' Chelsea consegue envolver, sem chegar a realmente nos tocar cá dentro. Nada, mas mesmo nada neste filme, é feito à toa.
Apesar do orçamento relativamente baixo desta produçao, Soderbergh consegue aqui ter uma das suas mais convincentes obras, uma visão quase única sobre a vida, sobre o egoísmo que todos vivemos actualmente e acima de tudo a enorme falha, que todos temos, em nos relacionarmos com os outros.

Overall:4.5/5

Alberto S.

The Blind Side

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/60/Blind_side_poster.jpg

Título: The Blind Side
De: John Lee Hancock
Com: Sandra Bullock, Tim Mcgraw, Quinton Aaron, Kathy Bates.

Baseado no livro de Michael Lewis, The Blind Side: Evolution of a Game, o filme de Lee Hancock centra-se na dura infância e adolescência de Michael Oher, jogador de futebol americano, actualmente nos Baltimore Ravens. Um jovem negro, abandonado pelos pais é acolhido por uma família branca e rica. Até aqui, nada de novo, nada que nos faça ter atenção a este filme. De facto, a história parece-nos demasiado familiar, demasiado ''filme de domingo à tarde'' onde o underdog, no meio das dificuldades, consegue vencer na vida. E é isso mesmo que The Blind Side é: um filme como tantos outros filmes de desporto, onde a equipa ou o jogador ''fraquinho'' consegue tornar-se uma lenda. O que realmente marca são as performances. Quinton Aaron, um autêntico desconhecido, tem aqui uma estreia absolutamente espantosa no papel de Oher. Por vezes consegue fazer com que realmente nos importemos com ele, tentemos perceber o que se passa, queiramos ajudá-lo. Mas o filme é todo de Sandra Bullock, do princípio ao fim. Totalmente merecida a sua nomeação aos óscares de 2010. Bullock tem aqui uma prestação inesquecível no papel de Leigh Anne Tuohy. Sem falhas. Porque acho que não será ela a vencedora? A resposta dá pelo nome de All About Steve, um dos piores filmes de 2010, na minha opinião. Tenho eu a certeza que a Academia partilha desta minha opinião e assim como não deu o óscar de melhor actor secundário a Eddie Murphy por Dreamgirls, devido ao horrendo Norbit, assim também não dará a Sandra Bullock. Veremos em Março.
A premissa do filme poderá acabar por suscitar algumas opiniões no sentido deste ter uma base racista. Os ''bonzinhos'' brancos acolhem o ''negrito'' que vem de um ghetto onde era maltratado. Talvez tenham até um pouco de razão, mas creio eu que The Blind Side é um belo filme, digno de toda a crítica positiva que tem recebido.

Overall:3.5/5
Alberto S.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Serious Man

Título: A Serious Man
De: Joel & Ethan Coen
Com: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Sari Wagner Lennick

Numa altura em que a história de Job se adequa a praticamente toda a humanidade, nada faz mais sentido que o filme A Serious Man, o novo filme dos irmãos Coen. Tal como Job, Larry Gobnik, um simples professor de matemática(a personagem principal interpretada de forma majestosa por Stuhlbarg) sofre desgraça atrás de desgraça. Toda esta ''maldição'' é, aparentemente, explicada por um acontecimento, no início do filme, que terá afligido os seus antepassados. O filme desenvolve-se rapidamente, às vezes parecendo que estamos a assistir à nossa própria vida. Há em Larry um pouco de todos nós. Uma pessoa simples que tenta viver a sua vida longe de problemas mas os problemas acabam por encontrá-lo. A ele e a toda a sua família. Especial destaque para a personagem Arthur Gopnik, interpretada pelo conhecido Richard Kind(Spin City, Mad About You)um génio matemático que passa os seus dias na casa de banho e inventou uma maneira infalível para ganhar no casino. Kind faz do ''génio louco'' uma das personagens mais marcantes desta obra. Assim como marcantes são praticamente todos os pequenos personagens que constituem a vida de Larry, da vizinha atraente ao aluno Coreano. Tudo neste filme tem um elevado nível artístico e o humor negro associado a cada simples cena é simplesmente delicioso. Destaco ainda a música ''Somebody To Love'', dos Jefferson Airplane, que está ligada a inúmeras cenas.
Fargo e No Country For Old Men, as duas oeuvres majeures da dupla de irmãos(passando ainda por Burn after Reading) tem em A Serious Man um seu equivalente, mais uma para a sua já longa lista de masterpieces.

Overall:4.5/5
Alberto S

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Diana Deve Ganhar

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVaEKymYM_zQwIa6g6YA3rA-8l7dkPDlw2Nw8YSsCaG4fFm8ZoAuaI-nKw1hgReOycaywwmfxsPIQFzwPJn1olQ2qQ0No7q5ZRlnf2jQ5jvoHsLxqZEnt33wjD416UNRFiBDnYlC2fJoU/s400/Diana+Piedade.jpg

Nunca fui muito fã destes programas ''...Idol'' mas, a verdade, é que esta última edição portuguesa conseguiu cativar-me. Praticamente tudo, nesta edição, conseguiu ser groundbreaking em Portugal. A qualidade dos intervenientes, a qualidade dO apresentador(Sorry Cláudia Vieira, talvez prá próxima), a expulsão de Carlos Costa, a queda de Pedro Abrunhosa e, por fim, Diana. De facto, Diana é a concorrente mais díspar que alguma vez passou por um programa de talentos portugueses. Não se enquadra particularmente em nenhum arquétipo vencedor em Portugal e é isso que é fascinante nela. Uma ''camaleoa'' musical, todo o estilo lhe assenta na perfeição. Que importa se ela é fã de Black Metal, tem um 666 tatuado no pulso ou adora o diabo, o que é facto é que ela é uma belíssima cantora. Sobrinha de Moura dos Santos? Então o talento deve ser castrado pela parentalidade? Mas que raio de arma de arremesso é essa? Moura dos Santos e restante júri deixaram de poder decidir a saída dos concorrentes há várias galas atrás e o que é facto é que Diana é uma de dois finalistas. Não quero com isto dizer que Filipe não tem talento nenhum, de facto Filipe é outro outsider mas, na minha opinião é daqueles outsiders um pouco aldrabões. Chegou até onde chegou, foi ''imitando'' o melhor que pôde os seus ídolos americanos e ingleses e pronto, legítimo finalista mas finalista limitado. Um limite que Diana consegue ultrapassar com talento puro.
Diana, a vencer, será a justa vencedora.
Alberto S.

The (Not So) Lovely Bones

http://sammyray.com/wp-content/images/2010/01/lovely-bones-stanley-tucci.jpg


Título: The Lovely Bones
De: Peter Jackson
Com: Saoirse Ronan, Mark Wahlberg, Rachel Weisz, Susan Sarandon, Stanley Tucci, Michael Imperioli.

The Lovely Bones, de Peter Jackson, foi-me dado a conhecer no dia das nomeações dos óscares 2010. Acima de tudo este filme assenta na magistral interpretação das duas personagens mais relevantes: a miúda violada e brutalmente assassina(Ronan) e o violador e assassino(Stanley Tucci). Tucci só teve a ganhar com este papel; Uma nomeação para o Óscar de melhor actor secundário(embora esteja em desvantagem em relação ao restante lote de nomeados, na minha opinião) e acima de tudo, finalmente, um grande papel pujado de uma intensa carga sentimental atribuído a um grande actor, que até agora era um pouco subvalorizado. O segundo aspecto a ressalvar é a enormíssima interpretação de Saoirse Ronan, uma miúda de 14 anos, que, na minha opinião(mais uma vez) devia ter sido nomeada, também ela, para os Óscares da Academia. Diria nunca antes visto, se não tivesse visto Jodie Foster em Taxi Driver, mas Ronan é já uma sua genuína substituta. Um talento enorme para a sua ainda tenra idade. Ela sim é digna da marca ''Child Star'' pondo a um canto as Miley Cyrus deste mundo. Digno de nota é ainda a presença de Michael Imperioli, fora do seu type habitual, como o detective Len Fenerman. É sempre bom ver um ex-Soprano alumni noutras obras e, neste caso, Imperioli conseguiu dar à personagem tudo o que ela precisava.
Apesar de tudo isto, The Lovely Bones acaba por ser uma obra menor. Efeitos que qualquer um de nós podia fazer, um ''heaven'' demasiado boring e acima de tudo o clímax, ou melhor, o anti-clímax do filme.
Overall:3/5
Alberto S.