domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobre Injustiças e Fundamentos

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Título: An Education
De: Lone Scherfig
Com: Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Emma Thompson

An Education, de Lone Scherfig, é o mais overrated dos candidatos aos óscares deste ano e o que, na minha opinião, tem menos hipóteses de sair do Kodak Theatre com um Óscar debaixo do braço. A jovem Carey Mulligan foi, de facto, uma agradável surpresa. Há em Mulligan um tanto de Audrey Tautou em Le Fabuleuse destin d'Amelie, simpática, inocente, inteligente, cativante. Peter Sarsgaard, no papel do homem mais velho por quem a personagem de Mulligan se apaixona, por seu lado, é uma completa desilusão. Uma performance mais dura que um cepo de madeira, aparece e desaparece mas nunca realmente chegamos a sentir a sua falta. O ponto alto está em Alfred Molina, no papel do pai conservador, apologista da moral e bons costumes da rígida Inglaterra dos anos 60. Um desempenho brilhante dum actor que merecia muito mais neste filme. É um prazer ver este homem a trabalhar e teve a sua nomeação nos BAFTAS mas mais uma vez foi esquecido pela Academia Americana. Enfim, daquelas injustiças que, todos os anos, aqueles senhores insistem em fazer(Alguém se lembra de Philip Seymour Hoffman em Before The Devil Knows You're Dead? Exacto!). O filme em si vem e vai e quase não damos por isso. Um filme demasiado curto, demasiado straightforward, cenas apressadas que não dão ao espectador tempo de se habituar àquelas personagens ou às situações em que elas se vem envolvidas.
Não sendo um filme inesquecível é mais um daqueles essenciais para um aprofundamento da nossa cultura fílmica, além de estar bastante bem escrito.

Overall: 3.5/5
Alberto S.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Friday's Trailer Dish #1

Soberbo


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Titulo: OldBoy
De: Park Chan-wook
Com: Choi Min-sik, Yu Ji-tae, Kang Hye-jeong

Oldboy, filme do célebre Park Chan-wook, de 2003, é dos filmes mais aterradores, perturbadores, polémicos, violentos e geniais que alguma vez vi. Todo o filme é uma experiência intensa, às vezes avassaladora. A demência, a incerteza e todo o mistério que assombra estas personagens é retratado de forma simplesmente brutal, tão real, ou tão imaginário como o interior de todos nós. A violência é-nos apresentada com sentido e até conseguimos compreender o intuito das personagens. O twist final é simplesmente um dos melhores exemplos de twists narrativos alguma vez feito em cinema. E o final em si, tão ambíguo como a própria vida, deixou-me maravilhado. Em suma, uma obra-prima, daquelas indispensáveis para qualquer amante de bom cinema.

Overall: 5/5

Alberto S.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

There's Still Sun... On Made for Tv Fare!

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Vi as quatro temporadas de It's Always Sunny in Philadelphia duma assentada e devo dizer que esta sitcom é das melhores criações televisivas do ainda curto século XXI. Esta criação de Rob McElhenney, Glenn Howerton e Charlie Day, apresenta-nos as vivências de um grupo de amigos que é dono de um Pub Irlandês que não tem muito sucesso, na cidade americana de Philadelphia. Este grupo de amigos representa tudo o que a cultura americana tem de mau: pessoas porcas, sem escrúpulos, burras como as portas, duma ignorância que no final tem o prazer de nos divertir a valer. Para além disto tudo, ainda conta com a participação do célebre Danny DeVito, no papel de Frank Reynolds, um pai mesquinho e extremamente incompetente, sem qualquer noção de moral. Toda esta mistura resulta na mais lo-fi mas também mais divertida série da televisão actual. Em quatro temporadas conseguiu não perder a frescura, do princípio ao fim.
Uma sitcom daquelas simplesmente essenciais!


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

The Girlfriend Experience

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Titulo: The Girlfriend Experience
De: Steven Soderbergh
Com: Sasha Grey, Chris Santos, Glenn Kenny, Peter Zizzo

Em primeiro lugar um aplauso, em pé, para o grande mestre Steven Soderbergh. The Girlfriend Experience é praticamente tudo o que um indie pode almejar ser: Inovador, provocador, sem receios, sem tabus, brilhantemente escrito e realizado. Não, não é uma obra prima, não, não merece Óscares nem Globos De Ouro. Não! Nem este filme o quer! Soderbergh limita-se a demonstrar a vida tal qual ela é, sem qualquer pudor. É de notar o vazio quase absoluto de sentimentos. Cada cena é tratada com uma frieza avassaladora. Às tantas vemo-nos imersos no mundo destas personagens e não sentimos qualquer empatia com elas. Choram, discutem, gritam, mas a mestria de Soderbergh faz com que observemos tudo dum plano distante, como que a assistirmos a um reality show. Sasha Grey, famosa actriz pornográfica, tem aqui uma estreia no mainstream, maravilhosa. A ''sua'' Chelsea consegue envolver, sem chegar a realmente nos tocar cá dentro. Nada, mas mesmo nada neste filme, é feito à toa.
Apesar do orçamento relativamente baixo desta produçao, Soderbergh consegue aqui ter uma das suas mais convincentes obras, uma visão quase única sobre a vida, sobre o egoísmo que todos vivemos actualmente e acima de tudo a enorme falha, que todos temos, em nos relacionarmos com os outros.

Overall:4.5/5

Alberto S.

The Blind Side

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/60/Blind_side_poster.jpg

Título: The Blind Side
De: John Lee Hancock
Com: Sandra Bullock, Tim Mcgraw, Quinton Aaron, Kathy Bates.

Baseado no livro de Michael Lewis, The Blind Side: Evolution of a Game, o filme de Lee Hancock centra-se na dura infância e adolescência de Michael Oher, jogador de futebol americano, actualmente nos Baltimore Ravens. Um jovem negro, abandonado pelos pais é acolhido por uma família branca e rica. Até aqui, nada de novo, nada que nos faça ter atenção a este filme. De facto, a história parece-nos demasiado familiar, demasiado ''filme de domingo à tarde'' onde o underdog, no meio das dificuldades, consegue vencer na vida. E é isso mesmo que The Blind Side é: um filme como tantos outros filmes de desporto, onde a equipa ou o jogador ''fraquinho'' consegue tornar-se uma lenda. O que realmente marca são as performances. Quinton Aaron, um autêntico desconhecido, tem aqui uma estreia absolutamente espantosa no papel de Oher. Por vezes consegue fazer com que realmente nos importemos com ele, tentemos perceber o que se passa, queiramos ajudá-lo. Mas o filme é todo de Sandra Bullock, do princípio ao fim. Totalmente merecida a sua nomeação aos óscares de 2010. Bullock tem aqui uma prestação inesquecível no papel de Leigh Anne Tuohy. Sem falhas. Porque acho que não será ela a vencedora? A resposta dá pelo nome de All About Steve, um dos piores filmes de 2010, na minha opinião. Tenho eu a certeza que a Academia partilha desta minha opinião e assim como não deu o óscar de melhor actor secundário a Eddie Murphy por Dreamgirls, devido ao horrendo Norbit, assim também não dará a Sandra Bullock. Veremos em Março.
A premissa do filme poderá acabar por suscitar algumas opiniões no sentido deste ter uma base racista. Os ''bonzinhos'' brancos acolhem o ''negrito'' que vem de um ghetto onde era maltratado. Talvez tenham até um pouco de razão, mas creio eu que The Blind Side é um belo filme, digno de toda a crítica positiva que tem recebido.

Overall:3.5/5
Alberto S.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Serious Man

Título: A Serious Man
De: Joel & Ethan Coen
Com: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Sari Wagner Lennick

Numa altura em que a história de Job se adequa a praticamente toda a humanidade, nada faz mais sentido que o filme A Serious Man, o novo filme dos irmãos Coen. Tal como Job, Larry Gobnik, um simples professor de matemática(a personagem principal interpretada de forma majestosa por Stuhlbarg) sofre desgraça atrás de desgraça. Toda esta ''maldição'' é, aparentemente, explicada por um acontecimento, no início do filme, que terá afligido os seus antepassados. O filme desenvolve-se rapidamente, às vezes parecendo que estamos a assistir à nossa própria vida. Há em Larry um pouco de todos nós. Uma pessoa simples que tenta viver a sua vida longe de problemas mas os problemas acabam por encontrá-lo. A ele e a toda a sua família. Especial destaque para a personagem Arthur Gopnik, interpretada pelo conhecido Richard Kind(Spin City, Mad About You)um génio matemático que passa os seus dias na casa de banho e inventou uma maneira infalível para ganhar no casino. Kind faz do ''génio louco'' uma das personagens mais marcantes desta obra. Assim como marcantes são praticamente todos os pequenos personagens que constituem a vida de Larry, da vizinha atraente ao aluno Coreano. Tudo neste filme tem um elevado nível artístico e o humor negro associado a cada simples cena é simplesmente delicioso. Destaco ainda a música ''Somebody To Love'', dos Jefferson Airplane, que está ligada a inúmeras cenas.
Fargo e No Country For Old Men, as duas oeuvres majeures da dupla de irmãos(passando ainda por Burn after Reading) tem em A Serious Man um seu equivalente, mais uma para a sua já longa lista de masterpieces.

Overall:4.5/5
Alberto S

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Diana Deve Ganhar

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Nunca fui muito fã destes programas ''...Idol'' mas, a verdade, é que esta última edição portuguesa conseguiu cativar-me. Praticamente tudo, nesta edição, conseguiu ser groundbreaking em Portugal. A qualidade dos intervenientes, a qualidade dO apresentador(Sorry Cláudia Vieira, talvez prá próxima), a expulsão de Carlos Costa, a queda de Pedro Abrunhosa e, por fim, Diana. De facto, Diana é a concorrente mais díspar que alguma vez passou por um programa de talentos portugueses. Não se enquadra particularmente em nenhum arquétipo vencedor em Portugal e é isso que é fascinante nela. Uma ''camaleoa'' musical, todo o estilo lhe assenta na perfeição. Que importa se ela é fã de Black Metal, tem um 666 tatuado no pulso ou adora o diabo, o que é facto é que ela é uma belíssima cantora. Sobrinha de Moura dos Santos? Então o talento deve ser castrado pela parentalidade? Mas que raio de arma de arremesso é essa? Moura dos Santos e restante júri deixaram de poder decidir a saída dos concorrentes há várias galas atrás e o que é facto é que Diana é uma de dois finalistas. Não quero com isto dizer que Filipe não tem talento nenhum, de facto Filipe é outro outsider mas, na minha opinião é daqueles outsiders um pouco aldrabões. Chegou até onde chegou, foi ''imitando'' o melhor que pôde os seus ídolos americanos e ingleses e pronto, legítimo finalista mas finalista limitado. Um limite que Diana consegue ultrapassar com talento puro.
Diana, a vencer, será a justa vencedora.
Alberto S.

The (Not So) Lovely Bones

http://sammyray.com/wp-content/images/2010/01/lovely-bones-stanley-tucci.jpg


Título: The Lovely Bones
De: Peter Jackson
Com: Saoirse Ronan, Mark Wahlberg, Rachel Weisz, Susan Sarandon, Stanley Tucci, Michael Imperioli.

The Lovely Bones, de Peter Jackson, foi-me dado a conhecer no dia das nomeações dos óscares 2010. Acima de tudo este filme assenta na magistral interpretação das duas personagens mais relevantes: a miúda violada e brutalmente assassina(Ronan) e o violador e assassino(Stanley Tucci). Tucci só teve a ganhar com este papel; Uma nomeação para o Óscar de melhor actor secundário(embora esteja em desvantagem em relação ao restante lote de nomeados, na minha opinião) e acima de tudo, finalmente, um grande papel pujado de uma intensa carga sentimental atribuído a um grande actor, que até agora era um pouco subvalorizado. O segundo aspecto a ressalvar é a enormíssima interpretação de Saoirse Ronan, uma miúda de 14 anos, que, na minha opinião(mais uma vez) devia ter sido nomeada, também ela, para os Óscares da Academia. Diria nunca antes visto, se não tivesse visto Jodie Foster em Taxi Driver, mas Ronan é já uma sua genuína substituta. Um talento enorme para a sua ainda tenra idade. Ela sim é digna da marca ''Child Star'' pondo a um canto as Miley Cyrus deste mundo. Digno de nota é ainda a presença de Michael Imperioli, fora do seu type habitual, como o detective Len Fenerman. É sempre bom ver um ex-Soprano alumni noutras obras e, neste caso, Imperioli conseguiu dar à personagem tudo o que ela precisava.
Apesar de tudo isto, The Lovely Bones acaba por ser uma obra menor. Efeitos que qualquer um de nós podia fazer, um ''heaven'' demasiado boring e acima de tudo o clímax, ou melhor, o anti-clímax do filme.
Overall:3/5
Alberto S.