quarta-feira, 31 de março de 2010

O B está de Volta

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b4/Daybreakers_ver2.jpg

Título: Daybreakers
De: Michael Spierig & Peter Spierig
Com: Ethan Hawke, Willem Dafoe, Sam Neill, Claudia Karvan, Isabel Lucas

Os irmãos Spierig, criadores do filme de culto de 2003 Undead, trouxeram-nos este ano Daybreakers, um filme notoriamente de série B e que não se importa de o ser e muito menos de o parecer. Os gémeos entraram nisto pelo prazer e, digo eu, fizeram muito bem, o filme tem garra e capacidade para destronar todos os outros filmes vampíricos que tem estreado ultimamente nas salas de cinema. Daybreakers conta a história de um mundo, num futuro próximo, onde um vírus transformou a maioria da população em vampiros e existe uma escassez de sangue humano capaz de satisfazer as necessidades de toda a gente. Nada que um miúdo de quarta classe não conseguisse inventar e é esse o atractivo do filme. As performances são aceitáveis, principalmente a de Willem Dafoe que, contra o seu type protagoniza um everyday joe que trás alguma esperança para a humanidade. Sam Neill é o vilão e fá-lo de forma eficaz, também ele contra o seu tipo de personagem habitual. Destaque para o visual do filme que roça o exageradíssimo, com os filtros azuis noctívagos e um contrastivo laranja de dia a perturbar o espectador, mais que uma vez.
Em suma, Daybreakers é entretenimento popcorn e não almeja ser mais nada do que isso. Resta-nos desfrutar desta lufada de ar fresco num género já (outra vez?) saturado, como é o das histórias de vampiros.

Overall:3/5

Alberto S.

Soderbergh em Forma

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/3/3c/TheInformant2009MP.jpg

Título: The Informant!
De: Steven Soderbergh
Com: Matt Damon, Scott Bakula, Joel Mchale, Melanie Lynskey, Richard Steven Horvitz

Toda a gente se deslumbrou com Matt Damon em Invictus, mas, pelos vistos, toda a gente se esqueceu de Matt Damon em The Informant, aqui, numa exibição como nunca vista! Damon, no papel de Mark Whitacre é louco, burro, genial, confuso e acima de tudo primoroso. É um prazer ver o actor a trabalhar e não sei se não terá aqui uma performance mais segura e conseguida que em Invictus.
The Informant é uma comédia como há poucas e, por acaso, 2009 foi profícuo neste género juntando-se a este o A Serious Man dos irmão Cohen. Uma daquelas comédias negras, com bandas sonoras absolutamente hilariantes e cativantes e performances inesquecíveis. O filme é tudo isto. A culpa é, obviamente, de mestre Soderbergh que depois das aventuras de Danny Ocean e amigos decidiu adaptar a obra de Kurt Eichenwald do mesmo nome aos cinemas. Fá-lo de forma simples e eficaz, com um estilo reminiscente dos anos 70, banda sonora a acompanhar e um trabalho de fotografia muitíssimo bem conseguido, assentando todos juntos perfeitamente no contexto. Para além disto, o filme conta ainda com um dos argumentos mais divertidos dos últimos tempos assinado pelo experiente Scott Burns.
Enquanto filme, The Informant é um bom exemplo de entretenimento e concerteza, digno dos maiores elogios.

Overall:4/5
Alberto S.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Alice no País do Green Screen

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/f/ff/Alice-In-Wonderland-Theatrical-Poster.jpg

Título: Alice In Wonderland
De: Tim Burton
Com: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Crispin Glover, Stephen Fry, Michael Sheen

Alice In Wonderland, o novo rebento da imaginativa mente de Tim Burton, é, acima de tudo, um deleite visual. Esta nova febre pelo 3D tem subido à cabeça de muita, mas mesmo muita gente e quem ganha é Burton, depois de nos trazer uma amálgama das duas obras mais conhecidas de Lewis Carroll, (ou Charles Dodgson para os puritanos) Alice's Adventures in Wonderland e Through The Looking Glass, and What Alice Found There. Em termos da imagética Burton é um mestre como não há muitos! Mas Alice é uma película tão impregnada de clichés infantis (não fosse este filme da marca Disney) e performances que roçam o over-the-top que é impossível não esboçar um leve bocejo. Mia Wasikowska, a relativamente desconhecida heroína, trás alguma frescura mas vai-se perdendo pelo caminho, lá pela metade do filme, em direcção à obscuridade. Johnny Depp procura mais do que lhe é pedido e acaba por ser a grande decepção do filme. Anne Hathaway, acabadinha de vir de uma nomeação para Melhor Actriz nos óscares de 2009, depois de uma belíssima exibição em Rachel Getting Married, é não mais que um nome para encher cartazes e traz-nos uma absurda e aborrecida White Queen. É em Crispin Glover e Helena Bonham Carter que o filme ganha algum fôlego. Bonham Carter é, de facto, aquela que carrega o filme às costas, de forma carismática e pujante no papel da Red Queen. Glover, por seu turno, trás-nos um Knave of Hearts mau como as cobras. Se há actor que seja especialista a trazer ao grande ecrã vilões icónicos, esse actor é Crispin Glover. Mais uma exibição brilhante de um actor um pouco esquecido pelas grandes produções. Destaque ainda para Matt Lucas, o co-criador de Little Britain, que nos trouxe o par de gémeos Tweedledee e Tweedledum duma forma espectacularmente cómica. Para mim, duas das personagens mais bem conseguidas do filme.
O argumento de Linda Woolverton, a mesma que nos trouxe o magnífico The Beauty and The Beast, é absolutamente intragável. Clichés, desenlaces apressados, pouca exploração de grande parte do role de personagens, demasiada exposição de outras,(inclua-se o Mad Hatter de Depp) enfim, uma trapalhada que deixa mácula visível no filme.
No geral, Alice in Wonderland, não deixa de ser um filme agradável mas uma obra menor de um realizador que já nos trouxe outras pérolas com menos recursos.

Overall:3/5

Alberto S.

sexta-feira, 26 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ser Italiano... à Inglesa

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/52/NineA_ver4.jpg

Título: Nine
De: Rob Marshall
Com: Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Judi Dench, Fergie, Kate Hudson, Nicole Kidman, Sophia Loren

Arranjei finalmente disposição e coragem para ver Nine, a mais recente obra de Rob Marshall(Chicago, Memoirs of a Geisha) adaptada de um musical do mesmo nome de Arthur Kopit. Devo dizer que não me decepcionou. Costumo arredar-me um pouco de musicais mas, de facto, este conseguiu prender-me. Seja pela belíssima cinematografia ou, simplesmente, pelas majestosas performances de Day-Lewis e Cotillard, Nine é dos melhores exemplos de musicais dos últimos anos. Sequências musicais arrojadas e magistralmente coreografadas, narrativa forte e intensamente emotiva e um visual ambicioso são os pontos mais fortes desta obra de Marshall.
Day-Lewis, aqui no papel de Guido Contini, um famoso realizador italiano imerso numa profunda crise artística, dá à personagem a classe e a genialidade habituais. Vê-lo a representar é presenciar um exemplo raro, senão único, na história do cinema e mais particularmente da representação. Este homem nunca falhou. Não existe qualquer ''má'' exibição de Day-Lewis. Um exemplo de ''actor imaculado'', se tal expressão existe. Ao seu lado, no papel de sua mulher, Luisa Contini, temos a belíssima Marion Cotillard, a ''menina'' que há 2 anos recebeu o óscar de Melhor Actriz por La Vie en Rose. Mais uma vez, Cotillard surpreende e, além de Guido, Luísa é a personagem mais relevante de todo o filme. As duas sequências musicais que lhe foram atribuídas, ela representa-as sem qualquer falha, com uma força e emoção incomuns. Destaque ainda para o desempenho de Kate Hudson que roçou o ''Bravo'' à italiana. De facto, se a escolha inicial parecia descabida, Hudson provou que consegue dançar, cantar, ser atraente e provocadora, tudo ao mesmo tempo. Penélope Cruz, mais uma vez, encantou no papel de Carla. Mais uma exibição de talento e sexyness latina, desta jovem actriz espanhola que teve a merecida nomeação para os óscares deste ano. Quem também surpreendeu foi Fergie que, no papel da prostituta Seraghina, demonstrou os seus dotes sensuais e artísticos através da sequência musical ''Be Italian'', na minha opinião, a melhor e mais bem executada de todo o filme.
Por fim, a direcção de Rob Marshall, apesar do belo trabalho de fotografia e imagem, peca um pouco. Cada interlúdio musical vai reavivando o interesse do espectador, mas o filme vai ficando cada vez mais confuso e apressado à medida que caminha para a 2ª metade. Algumas personagens ficam pouco exploradas, caso dos papéis de Nicole Kidman e Sophia Loren(ambas com participações execráveis) e é Day-Lewis que vai juntando os bocados com a sua magia. Marshall parece, ainda, um pouco verde para este tipo de narrativas e, por vezes, nota-se isso no ecrã.
Apesar de arrasado pela crítica, Nine é um filme interessante e digno de uma vista de olhos, quanto mais não seja para ver a arte de bem representar.

Overall:3/5

Alberto S.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Friday's Trailer Dish #4

Nada menos que Brilhante

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/7/76/Shutterislandposter.jpg

Título: Shutter Island
De: Martin Scorcese
Com: Leonardo DiCaprio, Ben Kingsley, Mark Ruffalo, Michelle Williams

Martin Scorcese é o realizador mais completo da actualidade! Digo isto sem um pingo de dúvida.
Shutter Island, o seu mais recente filme, comprova isso mesmo. O mestre consegue brilhar em qualquer estilo. Seja ele documental (The Last Waltz), seja ele musical (New York, New York) drama (Goodfellas) ou comédia (After Hours), qualquer coisa consegue ser obra-prima nas mãos deste grande senhor. Aposto que se Scorcese fizesse um documentário sobre a vida de Quim Barreiros, esse mesmo documentário seria genial!
Voltando a Shutter Island. Enquanto filme, tem tudo! Tudo o que se possa querer num filme de Scorcese. Cortes rápidos, montagens delirantes, detalhe visual ímpar, ritmo moderado, preparando o espectador para o boom final. A direcção de Scorcese é absolutamente virtuosa, conseguindo retirar de, praticamente todos os actores envolvidos, as suas melhores performances dos últimos 10 anos. Quanto a DiCaprio, esqueça-se The Aviator, ou relegue-se para um 2º lugar duma lista de desempenhos imaginária. Sem dúvida alguma a sua melhor tirada de sempre. A sua duradoura parceria com Scorcese só lhe tem feito bem, ele é hoje o que De Niro foi nos anos 80 e 90. Quanto a Ben Kingsley, de facto, não se via ele brilhar tanto desde Gandhi. Um regresso à boa forma dum grande actor. Mark Ruffalo, que até hoje tem conseguido balançar os seus desempenhos entre o bom e o péssimo(Zodiac e Rumor Has It respectivamente) tem aqui a sua performance mais conseguida, madura e consistente. Quanto a Michelle Williams... a grande surpresa deste filme. Os anos de Dawson's Creek já lá vão e Williams consegue ser magistral no papel mais secundário mas preponderante deste filme.
Enfim, mais uma grande obra dum grande mestre do cinema. Para desfrutar em múltiplos visionamentos.

Overall:4.5/5

Alberto S.


sábado, 13 de março de 2010

A Vida e um Skate

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/4/49/Ken_Park.jpg

Título: Ken Park
De: Larry Clark, Ed Lachman(Escrito por Harmony Korine)
Com: Adam Chubbuck, James Bullard, James Ransone, Tiffany Limos

Criado pela mente do polémico Harmony Korine (Kids, Gummo) e realizado pelo sempre provocador Larry Clark, Ken Park é um deleite para os amantes do cinema independente. ''Controverso'' é um epíteto um pouco suave para descrever este filme. Só podia vir do mesmo homem que, em 1997, nos trouxe das obras mais chocantes, niilistas e profundamente surreais da história do cinema. Falo, claro, de Gummo. De facto, Ken Park tem todos os tópicos que levam a uma rating proibitiva: Sexo explícito, suicídio adolescente, incesto, experimentação sexual, demência, violência gratuita, assassínio, diálogo explícito... enfim, tudo o que, à partida, condena um filme e não o permite chegar ao público. Mas, além de tudo isto, existe uma mensagem que luta para se fazer ouvir perante nós. Há ali, realmente, a raiva, o desencanto reprimido e a enorme presença da disfunção familiar que consome a juventude. O pai que se diz ''envergonhado'' do filho(Wade Williams, antes de ter integrado o cast de Prison Break para interpretar o inesquecível Brad Bellick) representa a disfunção encarnada. A mãe que, saudosa dos seus anos de liceu, tem relações sexuais com um adolescente, a filha libertina de um pai ultra-religioso... Há, em todas as relações familiares retratadas neste filme, uma dicotomia entre a repressão parental e a emancipação juvenil. E o filme aponta mesmo como vítimas os jovens. E realmente o são.
Apesar de extremamente gráfico(característica omnipresente nos filmes de Clark) Ken Park é um belíssimo ensaio sobre a vida e até mesmo sobre a morte, dos adolescentes de hoje.

Overall:4/5

Alberto S.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Quem se importa com os Morgans?

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/86/Did_you_hear_about_the_morgans_ver2.jpg

Título: Did You Hear About The Morgans?
De: Marc Lawrence
Com: Sarah Jessica Parker, Hugh Grant, Sam Elliot, Mary Steenburgen

Did You Hear About The Morgans? é um desperdício em várias frentes. Primeiramente um desperdício, extremamente caro, de dinheiro. Em segundo, de talento, uma vez que praticamente todo o cast é já experiente e de créditos firmados e, por fim, do precioso tempo de qualquer um de nós, ávidos espectadores de bom cinema. Nada neste filme é bom. Um argumento medonho, performances execráveis (salve-se Sam Elliot), direcção absolutamente caótica e visivelmente apressada. E que dizer da química do suposto par romântico desta moribunda obra? Simplesmente inexistente. Tudo mau!
Enfim, daquelas filmes que, supostamente, nos deviam fazer rir mas a vontade é de chorar. Copiosamente!

Overall:0.5/5

Alberto S.

Friday's Trailer Dish #3

terça-feira, 9 de março de 2010

Um Clássico

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/10/Battle_royale_pochette.jpg

Título: Battle Royale
De: Kinji Fukasaku
Com: Tatsuya Fujiwara, Aki Maeda, Taro Yamamoto, Takeshi Kitano

Andava eu há anos para ver este grande filme. Finalmente o vi e realmente não percebo porque não o vi mais cedo. Battle Royale é dos melhores filmes que alguma vez saíu do Japão, sem dúvida alguma! A última e mais memorável obra do já falecido Kinji Fukasaku, baseia-se num romance do mesmo nome e é das coisas mais violentas, perturbadoras, sanguinárias e absolutamente brutais que alguma vez vi na minha vida. A história passa-se numa linha temporal alternativa em que, depois da 2ª Guerra Mundial, mais precisamente em 1947, o governo Japonês cria uma lei chamada BR Act para fazer frente à crescente rebeldia da juventude provocada por uma intensa recessão económica. Esta lei sorteia, aleatóriamente, uma turma de estudantes finalistas do liceu e envia-os para uma ilha com o objectivo de se matarem uns aos outros, das mais variadas formas, para no fim só restar um. Uma espécie de triagem Darwiniana levada ao extremo.
O filme em si, apesar do macabro e da violência, é belo e brilhantemente interpretado. Todas aquelas personagens tentam procurar perceber porque estão ali, tentam procurar alguma forma de salvação. Até mesmo quem os manda para a ''Ilha da Morte''. Takeshi Kitano, o mestre do cinema niilista japonês, tem aqui uma das suas mais memoráveis performances no papel do professor Kitano. De facto este professor é mesmo a personagem mais bem concebida e explorada no filme. Ver Kitano, que no Japão é mais conhecido como um cómico, é ver um homem que já criou algumas das obras mais interessantes das duas últimas décadas no Japão, incluindo o papel pelo qual é mais conhecido, o samurai cego Zatoichi. Um homem que transforma em obra de arte tudo o que toca e Battle Royale não é excepção. Sem Kitano, este filme seria como um The Godfather sem Marlon Brando: Incompleto, genial, mas sumamente incompleto.
Das performances à história, Battle Royale é um filme magnífico e indispensável para qualquer fã do cinema japonês.

Overall:5/5

Alberto S.

sexta-feira, 5 de março de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Tudo bem

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/2/2e/Everybodys_fine.jpg

Título: Everybody's Fine
De: Kirk Jones
Com: Robert De Niro, Drew Barrymore, Kate Beckinsdale, Sam Rockwell

Simplesmente a melhor interpretação de De Niro dos últimos dez anos! Mas um diferente daquele que nos habituámos a ver. De Niro, no papel de Frank Goode, um recém-viúvo que decide viajar pela América para rever os filhos , mostra-nos um lado melancólico, sem os habituais tics e inclinares de cabeça que o iconizaram, bastante mais terra-a-terra, bastante mais humano. Daquelas situações em que o method acting funciona duma forma magistral no ecrã. Quem quiser ser actor siga este conselho: Veja Robert De Niro a trabalhar!
O restante cast portou-se à altura do que lhes era exigido, nada de extraordinário nem nada de mau, performances satisfatórias das quais ressalve-se a de Sam Rockwell.
O
filme faz jus ao seu título, é simplesmente ''fine'', nem acredito que fosse o propósito máximo de Jones ou de qualquer outro dos intervenientes que fosse algo além disso. Fica na memória pelo brutal desempenho de De Niro.

Overall:3/5

Alberto S.