segunda-feira, 22 de março de 2010

Ser Italiano... à Inglesa

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/52/NineA_ver4.jpg

Título: Nine
De: Rob Marshall
Com: Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Judi Dench, Fergie, Kate Hudson, Nicole Kidman, Sophia Loren

Arranjei finalmente disposição e coragem para ver Nine, a mais recente obra de Rob Marshall(Chicago, Memoirs of a Geisha) adaptada de um musical do mesmo nome de Arthur Kopit. Devo dizer que não me decepcionou. Costumo arredar-me um pouco de musicais mas, de facto, este conseguiu prender-me. Seja pela belíssima cinematografia ou, simplesmente, pelas majestosas performances de Day-Lewis e Cotillard, Nine é dos melhores exemplos de musicais dos últimos anos. Sequências musicais arrojadas e magistralmente coreografadas, narrativa forte e intensamente emotiva e um visual ambicioso são os pontos mais fortes desta obra de Marshall.
Day-Lewis, aqui no papel de Guido Contini, um famoso realizador italiano imerso numa profunda crise artística, dá à personagem a classe e a genialidade habituais. Vê-lo a representar é presenciar um exemplo raro, senão único, na história do cinema e mais particularmente da representação. Este homem nunca falhou. Não existe qualquer ''má'' exibição de Day-Lewis. Um exemplo de ''actor imaculado'', se tal expressão existe. Ao seu lado, no papel de sua mulher, Luisa Contini, temos a belíssima Marion Cotillard, a ''menina'' que há 2 anos recebeu o óscar de Melhor Actriz por La Vie en Rose. Mais uma vez, Cotillard surpreende e, além de Guido, Luísa é a personagem mais relevante de todo o filme. As duas sequências musicais que lhe foram atribuídas, ela representa-as sem qualquer falha, com uma força e emoção incomuns. Destaque ainda para o desempenho de Kate Hudson que roçou o ''Bravo'' à italiana. De facto, se a escolha inicial parecia descabida, Hudson provou que consegue dançar, cantar, ser atraente e provocadora, tudo ao mesmo tempo. Penélope Cruz, mais uma vez, encantou no papel de Carla. Mais uma exibição de talento e sexyness latina, desta jovem actriz espanhola que teve a merecida nomeação para os óscares deste ano. Quem também surpreendeu foi Fergie que, no papel da prostituta Seraghina, demonstrou os seus dotes sensuais e artísticos através da sequência musical ''Be Italian'', na minha opinião, a melhor e mais bem executada de todo o filme.
Por fim, a direcção de Rob Marshall, apesar do belo trabalho de fotografia e imagem, peca um pouco. Cada interlúdio musical vai reavivando o interesse do espectador, mas o filme vai ficando cada vez mais confuso e apressado à medida que caminha para a 2ª metade. Algumas personagens ficam pouco exploradas, caso dos papéis de Nicole Kidman e Sophia Loren(ambas com participações execráveis) e é Day-Lewis que vai juntando os bocados com a sua magia. Marshall parece, ainda, um pouco verde para este tipo de narrativas e, por vezes, nota-se isso no ecrã.
Apesar de arrasado pela crítica, Nine é um filme interessante e digno de uma vista de olhos, quanto mais não seja para ver a arte de bem representar.

Overall:3/5

Alberto S.

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